O funeral de Casagemas é uma importante pintura, óleo sobre tela, com as medidas de 150 x 90 cm, do espanhol Pablo Picasso, datada de 1901.
A fama súbita desta obra deve-se, em parte, ao facto de ter sido a primeira do Período Azul do artista, que perdurou desde este ano a 1906. O tema que desencadeou a pintura célebre foi a morte de um dos melhores amigos de Picasso, Carlos Casagemas.
A primeira vez que visitou Paris fê-lo com Carlos Casagemas. Ambos espanhóis, sentiram os amantes que se abraçavam no meio das multidões, as danças frenéticas, as mulheres sensíveis e delicadas e ao mesmo tempo umas verdadeiras amazonas, os cafés-concerto, os desinibidos espectáculos, as cores brilhantes e as luzes da metrópole francesa, a boemia posta pelos parisienses num pedestal, algo que nunca iriam encontrar na conservadora Espanha.
Foi em Paris que Casagemas conheceu uma mulher, modelo nalgumas obras de Picasso. Uma mulher de nome Germaine. Uma mulher por quem se apaixonou perdidamente. Contudo o seu amor não foi correspondido e, num infeliz acto de loucura Casagemas suicidou-se, embriagado, num café parisiense.
E que fez Pablo Picasso? Regressou ao seu país. Mas agora aquela euforia, aquele entusiasmo que partilhara com Casagemas na ida para a «cidade-luz» acabara, esgotara-se. Picasso voltara sozinho, sem um grande amigo com quem partilhou tantos segredos. Inconscientemente, uma parte de si havia ficado no túmulo de Casagemas.
Decidido a conceber uma pintura impressionante e radical que retrata-se o sentimento profundo que mantinha pelo amigo que morrera tão precocemente, Pablo Picasso empenhou-se na concretização de vários esboços, retratos de Casagemas. Mas aquilo era pouco, resumidamente, quase nada. Mas foi durante uma visita à cidade de Toledo que surgiu a inspiração, ao ver um famoso quadro de um pintor nascido na Grécia, El Greco, que se dá pelo nome de O enterro do Conde Orgaz.
Com esta obra de excelência Picasso deu um impulso à pintura monumental. Mas não foi por este facto que se tornou ão conhecida e sim pelo facto de ter sido considerada pela «boa sociedade» uma pintura profana e até mesmo ateísta. O céu é arrebatado por um cavalo branco e, ao invés de anjos, jazem nas nuvens prostitutas que meias vermelhas e pretas vestem somente. Picasso quis homenagear Casagemas com aquilo que ele nunca teve em vida. Entretanto os vivos lamentam-se com gestos aparvalhados e patéticos em torno do morto que jaz, coberto por um lençol branco, no chão.
Actualmente a pintura está exposta no Musée d’Art Moderne de La Ville de Paris, em Paris.
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