Cubismo da Barsa

Mais conhecido pela revolução que causou na pintura do século XX, o cubismo também se manifestou na escultura e na arquitetura, como se percebe, por exemplo, nos projetos de Le Corbusier da década de 1920.
O cubismo, uma das tendências mais revolucionárias já instaladas nas artes plásticas, foi criado em Paris, entre 1907 e 1914, por dois gênios da pintura: Picasso e Braque. O estilo cubista destacou a superfície plana e bidimensional da pintura, rejeitou as técnicas tradicionais da perspectiva, do claro-escuro e da reprodução das formas e renegou a arte enquanto imitação do real. Embora fundamentados na natureza, os pintores cubistas não se dispunham a copiar suas formas, texturas, espaço e cores. Ao invés disso, apresentaram uma nova visão do real em telas que mostram objetos radicalmente fragmentados, cujos diferentes lados podem ser vistos simultaneamente.
O crítico de arte francês Louis Vauxcelles foi quem empregou pela primeira vez o nome cubismo, para referir-se pejorativamente às paisagens de Braque expostas na galeria parisiense Kahnweiler em 1908.
Processo de formação. O movimento originou-se de duas fontes muito distintas: de um lado, o impacto que causou nos círculos artísticos parisienses o contato com a escultura primitiva africana; de outro, a influência do pintor francês Paul Cézanne, que reduzia os objetos reais a seus elementos essenciais, como o cilindro, o cubo e a esfera. "De um cilindro eu faço uma garrafa", dizia o pintor espanhol Juan Gris, outro artista cubista. Deve-se acrescentar a esses antecedentes a reação contra a linguagem puramente sensorial do fauvismo e o propósito de adscrever a arte ao campo intelectual.
O primeiro quadro cubista, pintado por Picasso em 1907, foi "As senhoritas de Avignon". As figuras femininas representadas nessa tela se apresentam de modo singular. São formas planas, cujas silhuetas aparecem fraturadas, e os traços que as delimitam são sempre retilíneos e angulosos. Tenta-se também representar o rosto humano simultaneamente de frente e de perfil.
Paralelamente às pesquisas desenvolvidas por Picasso, Braque pintou uma série de paisagens de Estaque, localidade próxima a Marselha, que se caracteriza pelo escasso colorido e pelo volume facetado. Essas paisagens foram apresentadas em Paris na exposição que originou o nome cubismo.
Os pintores cubistas, embora inicialmente representassem rostos e figuras humanas, logo centraram sua temática em naturezas-mortas. Estas são composições de objetos usuais, quase sempre agrupados sobre uma mesa, que carecem de profundidade, nas quais todos os elementos ocupam o primeiro plano, graças a uma decomposição multifacetada.
Desde os primeiros anos, estabeleceu-se entre Picasso e Braque uma estreita relação que permitiu ao cubismo passar de uma fase prévia de experimentação para outra mais madura, entre 1910 e 1912. Teve grande importância para o movimento o marchand  Daniel Kahnweiler, cuja galeria se converteu no centro de difusão do cubismo. A teoria sobre o movimento cubista tomou forma nas reuniões realizadas no edifício Bateau-Lavoir, onde viviam Picasso, Juan Gris e o escritor francês Max Jacob. Assíduos freqüentadores desses encontros eram também Henri Matisse e Diego Rivera, que viria a tornar-se um dos principais pintores muralistas mexicanos, assim como os escritores Jean Cocteau e Guillaume Apollinaire. Foi precisamente este último quem mais contribuiu, com textos como Les Peintres cubistes (1913; Os pintores cubistas), para elaborar a estética sustentadora do movimento.
Cubismo analítico. Na evolução do cubismo estabeleceram-se duas fases claramente delimitadas, denominadas analítica e sintética. A fase analítica transcorreu entre 1910 e 1912. As telas dessa época se caracterizam pela análise da realidade e pela decomposição, em planos, dos diferentes volumes de um objeto, para que o observador capte sua totalidade. Desde o começo, pretendia-se uma arte mais conceitual que realista. Predominavam os ângulos e as linhas retas e a iluminação não era real, já que a luz procedia de pontos distintos. As gamas de cores simplificaram-se muito, numa tendência radical ao monocromatismo: castanhos, cinzas, cremes, verdes e azuis. Com tudo isso se tentava combinar a tridimensionalidade do mundo com a bidimensionalidade da obra de arte.
Numa primeira etapa da fase analítica, todas essas formas apareceram geralmente compactas e densas, para se tornarem progressivamente mais amplas e fluidas, até esfumarem-se nas bordas da tela. Os elementos preferidos foram instrumentos musicais, especialmente o violão, garrafas, tonéis, jarras e jornais, embora nunca se tenha excluído a figura humana. Entre as obras mais destacadas desse momento figuram "Moça com bandolim", de Picasso, e "Homem com violão", de Braque.
Cubismo sintético. A fase sintética trouxe a reconsideração de alguns dos modos expressivos da anterior. A cor voltou a ter importância. As superfícies, embora continuassem fragmentadas, eram mais amplas e decorativas. A novidade singular foi, sem dúvida, o uso de materiais não pictóricos. Essa técnica, conhecida como collage (colagem), incorporou ao quadro elementos cotidianos, como maços de cigarro, páginas de jornal, pedaços de vidro, tecidos e até areia. Com a utilização desses materiais inusitados na obra, o cubismo, ao mesmo tempo em que aproveitou as diferenças de textura e de natureza dos componentes, levantou sob um ângulo original a questão, sempre inquietante, sobre o que era realidade e o que era ilusão. Nesse estilo Braque fez seus famosos papiers collés (papéis colados) e Picasso criou obras como "O jogador de cartas" e "Natureza-morta verde".
Desdobramentos do cubismo. Além dos dois grandes mestres mencionados, houve uma série de artistas que praticaram um cubismo próximo ao de Picasso ou de Braque, mas com toques pessoais, como Juan Gris e os pintores franceses Fernand Léger, Albert Gleizes e Jean Metzinger.
Quando essa estética se difundiu por toda a Europa, surgiram vários grupos ou tendências com características próprias: o cubismo órfico, de Robert Delaunay, que dava grande importância à cor e empregava elementos de composição inventados pelo artista; o grupo de Puteaux, com Marcel Duchamp, que elaborou um cubismo dinâmico e muito intelectualizado; o neoplasticismo, do holandês Piet Mondrian; o suprematismo russo de Kazimir Malevitch; o construtivismo escultórico de outro russo, Vladimir Tatlin, e o purismo, estética racional e geométrica estimulada pelos franceses Amédée Ozenfant e Charles-Édouard Jeanneret. Este último, de origem suíça e conhecido como Le Corbusier, aplicou mais tarde esses princípios à arquitetura.
Pode-se dizer que, com a guerra de 1914, o cubismo, que tivera uma vida intensa desde 1907, se desintegrou como vanguarda artística, embora sua influência tenha sido determinante ao longo do século XX. De fato, a maior parte dos pintores cubistas deu um decisivo impulso ao surgimento do abstracionismo geométrico.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
A obra "As senhoritas de Avignon", de Picasso, é considerado a primeira manifestação da éstetica cubista.
Bailarina azul, exdemplo do cubismo de Gino Severini.
Em obras com "Casas de L "Estaque" pode-se notar os traços incipientes do singular estilo pictórico de Braque, que se tornaria uma das bases da pintura cubista!
Guernica. uma das mais expressivas obras da fase cubista de Picasso!
Natureza-morta do pintor cubista Pablo Picasso. 
Natureza-morta o dia, de Braque, que junto a Picasso foi um dos principais pintores cubistas.
Três mulheres, nu da fase cubista de Picasso.
Vaso de gêranios, do pintor cubista Juan Gris.

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