Picasso no cortiço e no castelo

Duas jovens, um cortiço e um castelo marcaram dois momentos cruciais na vida e na obra de Pablo Ruiz Picasso. Não repetirei, como tenho ouvido com freqüência, que as namoradas, amantes e esposas de Picasso foram determinantes na obra do artista. Não foram.

Fizeram parte de sua vida, foram amadas e desamadas, ajudaram, atrapalharam, serviram de modelo, estão retratadas em seus desenhos, gravuras, esculturas, mas não tiveram a mínima influência no que diz respeito às idéias e a conceitos.

A exceção foi Dora Maar. Viveu e participou com Picasso da idealização, criação, realização e documentação de Guernica. É uma das mulheres retratas na tela. As outras são Olga e Marie-Thérèse.

Picasso não falava com ninguém sobre seu trabalho. Não falava, fazia!

De 1908 a 1914, período em que criou e desenvolveu com Braque o Cubismo, discutia com ele a teoria e a prática da nova pintura.

Falou muito com Jaime Sabartés. Catalão, amigo de juventude e do tempo do Els Quatre Gats de Barcelona. Sabartés era escritor e jornalista. Foi, secretário, confidente e bode expiatório. O diálogo com Picasso foi longo, interminável.

Sabartés falou-lhe da arte em Berlim. Em Paris. Quando Madri e Barcelona ficaram "pequenas", Picasso pensou em ir para a Alemanha. Foi para a França.

A partir de 1900 fez várias viagens a Paris. Até que, em abril de 1904, deixou Barcelona para se fixar definitivamente na capital francesa.

O Bateau-Lavoir, cortiço de Montmartre, foi seu destino. Ocupou o atelier de outro espanhol, Paco Durio, que voltava à Espanha.


Fernande Olivier e Benedetta Canals 1904
Fernande Olivier e Benedetta Canals   1904


Lá encontrou Fernande Olivier. Tinha 23 anos. Ela também. Bonita, falante, elegante, posava para artistas. Fazia programas para manter um tipo que se dizia artista. Viviam no Bateau.

Picasso e Fernande deram-se muito bem. Passaram a viver junto a partir de 1905.


Fernande Olivier, Picasso e Ramon Reventos Barcelona maio 1906
Fernande Olivier, Picasso e Ramon Reventos
Barcelona   maio 1906


A vida no cortiço era precária. Não havia eletricidade, calefação, esgoto. Uma latrina servia os 24 cômodos. Ao pé da escada de madeira da entrada havia uma pia com torneira. A única fonte de água. Foi junto a essa pia que viu Fernande pela primeira vez.


Picasso em seu ateliê no Bateau-Lavoir 1908
Picasso em seu ateliê no Bateau-Lavoir
1908


Pobreza rica

A dureza da vida no Bateau não impediu Picasso de dar continuidade ao Período Azul iniciado três anos antes na Espanha, de criar o Período Rosa e o Cubismo.

Na sua vida, o Bateau e Fernande foram fundamentais. O Bateau foi, na realidade o primeiro ateliê e casa que assumiu. Fernand foi a primeira mulher com quem dividiu a cama e a mesa.

Gertrude Stein em Picasso, publicado pela Librairie Floury em 1938, escreveu que Picasso, depois de deixar o Bateau em 1909, nunca mais voltou ao cortiço. Passa a impressão de que o Bateau foi um mau pedaço. Não foi. Voltou sim. Chegou até a alugar um ateliê no térreo onde guardava telas pintadas e, às vezes, pintava outras. Picasso gostava do Bateau.


Picasso em frente de sua tela intitulada L'Aficionado Paris 1912
Picasso em frente de sua tela intitulada L'Aficionado
Paris 1912


Anos mais tarde deixou isso claro ao levar suas namoradas e amantes para conhecerem o Bateau. Mostrava com orgulho o velho cortiço dizendo “foi aqui que pintei minhas melhores pinturas”. Só não levou Dora Maar, pois a fotógrafa e ex-amante de Georges Bataille, já conhecia e fotografara o cortiço há muito tempo.

Hoje, quando vemos pinturas e esculturas de Picasso criadas no Bateau, Les Mademoiselles d’Avignon, por exemplo, de 1907, o busto de Fernande de 1909, não nos passa pela cabeça que foram pintadas à luz de vela e lamparinas. Foram.


O senhor do castelo

Em janeiro de 1930, 26 anos depois de viver pobremente no Bateau-Lavoir, onde pagava 15 francos de aluguel por mês, Picasso, então com 49 anos, rico, poderoso, famoso, comprou um castelo do século 17, próximo de Gisors, a 72 quilômetros de Paris. O Château de Boisgeloup.

O castelo não tinha móveis, eletricidade, calefação. Mas, para Picasso era como se fosse o paraíso. O simples fato de poder ficar em Boisgeloup, longe de Olga, com quem se casara em 1918 compensava todo desconforto.


Rosto (Marie-Thérèse) Litografia Museu de Arte Moderna New York 1928
Rosto (Marie-Thérèse)   Litografia
Museu de Arte Moderna New York   1928


Além disso, a companhia de Marie-Thérèse Walter, 20 anos, jovem, loura, bonita, esportiva, saudável, transformava o vazio e o frio do castelo em aconchegante ninho de amor.


Mulher nua no jardim Óleo sobre tela Boisgeloup 4 de agosto de 1934 Musée Picasso Paris
Mulher nua no jardim   Óleo sobre tela
Boisgeloup 4 de agosto de 1934
Musée Picasso Paris


Picasso conheceu Marie-Thérèse no início de janeiro de 1927 em frente as Galeries Lafayette. Tinha dezessete anos. Cortejou-a por seis meses. Esperou que fizesse 18 anos, que deixasse de ser menor, e a levou para cama. A partir de então Marie Thérèse passou a fazer parte de sua vida amorosa e sexual. Com ela realizou todas as fantasias sexuais imaginadas e sonhadas.

Viveu com Marie-Thérèse, às escondidas em Boisgeloup, um dos períodos mais felizes de sua vida. Reviveu com ela o Bateau-Lavoir e Fernande.

De todos os biógrafos de Picasso que li, ninguém melhor do que Antonina Vallentin compreendeu a importância de Marie-Thérèse na vida e obra de Picasso:

“O encontro com Marie-Thérèse Walter cristaliza um outro dos fatores do seu processo criador. É por causa dela e para ela que ele inventa a sua maneira de apresentação puramente linear, em grandes curvas que reproduzem os movimentos lentos do seu corpo, em pastas coloridas que dão da melhor maneira os tons luminosos da sua pele e dos seus cabelos.

Mas esta cabeça tão solidamente construída, com a aresta larga do nariz, este corpo firme, esguio, com a harmonia dos seus membros, prestam-se particularmente bem a uma interpretação escultural. Tudo é tão favorável à sua volta, e tão pronto a afirmar-se, que o florescimento do seu domínio plástico parece um desabrochar espontâneo.”



Sexo à luz de velas

No castelo, a alegria de viver voltou com toda força. Trabalhava e amava à luz de velas, lampiões e lamparinas. As gravuras, pinturas e esculturas criadas nessa época revelam um novo rosto, um novo corpo, sensual e voluptuoso, o de Marie-Thérèse.

Picasso estava feliz. A tal ponto que comentou com seu amigo, compatriota escultor e colaborador Julio Gonzalez: “Estou feliz como em 1908.”

Em 1908 já tinha pintado Les Mademoiselles d’Avignon. A vida era difícil, mas valia à pena vivê-la. O dinheiro era curto, mas os amigos, muitos. Estavam todos no banquete que fez em homenagem a Rousseau. A pintura fazia de sua existência algo que merecia ser vivido. Viveu!

Não tinha nada a ver com a vida medíocre com Olga, preocupada apenas em projeção social e dinheiro. Possessiva, doentiamente ciumenta, destemperada, insuportável.

Boisgeloup foi, na vida de Picasso, a virada que determinou o resto de sua existência. Enojado com a ganância de sua mulher, em 35 separou-se de Olga. A gota d’água foi não poder entrar em seus ateliês por ordem da Justiça.

Pela primeira vez na vida parou de pintar. Não podia admitir que, por lei, Olga era dona de metade de cada tela que pintava. Ficou longe das telas por mais de seis meses. Isso para ele foi uma tortura. Acostumado a pintar dez, doze horas por dia, deixar de fazê-lo foi um doloroso castigo.

Finalmente chegaram a um acordo. Olga continuava a ser madame Picasso com todos direitos, regalias e mordomias. Uma delas, o Château de Boisgeloup. Olga detestava o castelo, mas para se vingar de Marie-Thérèse, exigiu-o. Picasso perdeu o castelo e outros bens, porém conservou seu enorme acervo. Parte desse acervo está exposta na Oca, no Ibirapuera.


Mulher no jardim Escultura Ferro pintado  Boisgeloup Museu Picasso Paris 1929-1930
Mulher no jardim   Escultura Ferro pintado
Boisgeloup 1929-1930
Museu Picasso Paris


Em Boisgeloup, Picasso deu continuidade ao trabalho de escultor desenvolvido em Paris com a assistência de Gonzalez. Nas grandes cavalariças do castelo, transformadas em estúdios, pôde criar à vontade esculturas que têm como ponto de partida Femme au jardin, Mulher no jardim, de 1930, considerada pelo historiador de arte inglês Timothy Hilton, das mais importantes esculturas do século 20.

Segundo Hilton “muito mais moderna do que todas as pinturas que pintou na época.”



Finalmente a bonança

Em outubro de 35 Marie-Thérèse deu-lhe uma filha, Maya. Passada a tempestade causada pela separação, feliz com a filha, chamou Sabartés para fazer-lhe companhia e secretariá-lo. Aos pouco a vida voltou ao normal.

Na Oca, na exposição Picasso na Oca, com curadoria de Dominique Dupuis-Labée, curadora do Museu Picasso de Paris, de onde vieram as 126 obras expostas graças à Brasilconnects e ao Bradesco, pode-se ver várias obras criadas por Picasso no cortiço e no castelo.


O Louco Bronze 1905 Oca
O Louco   Bronze
1905 Oca


São do Bateau dois bronzes: Le Fou, O Louco, de 1905, inspirada na série de personagens de Barcelona, do Período Azul, 1901 a 1904 e Tête de Femme, Cabeça de Mulher, de 1909, retrato de Fernande.


Cabeça de mulher (Fernande) Bronze 1909    Oca
Cabeça de mulher (Fernande)   Bronze
1909 Oca


Essa peça é a primeira escultura cubista. Nela Picasso aplicou os princípios do Cubismo à terceira dimensão. Fato inédito. Cabeça igual a essa fazia parte da coleção de Gertrude Stein.


Três figuras sob uma árvore Óleo sobre tela outono de 1907 Oca
Três figuras sob uma árvore   Óleo sobre tela
outono de 1907 Oca


Dois óleos, L’Arbre, A Árvore e Trois Figures Sous un Arbre, Três Figuras Sob Uma Árvore, pintados no verão e no outono de 1907, fazem parte do enorme conjunto de imagens que Picasso desenhou e pintou no período que antecedeu em 1906 e precedeu a pintura de Les Demoiselles d’Avignon na primavera de 1907.

Três figuras pertenceu ao historiado de arte inglês Douglas Cooper. Era um dos muitos Picasso de sua coleção, comprados antes de romper com o artista e criticá-lo duramente.

Nos dois óleos a influência de Cézanne é visível. Também está presente em Les Demoiselles inspirado em Les Trois Baigneuses, As Três Banhistas, de Cézanne, pintura que pertencia a Matisse.

Picasso a viu no ateliê do pintor. Também deve ter visto em um dos salões Les Baigneuses, As Banhistas, fonte em que Matisse também bebeu para criar seu histórico Luxe, calme et volupté, Luxo, calma e volúpia.

Hoje As Banhistas está no MoMA de New York. Les Demoiselles também.



Privilégio raro

Entre os desenhos, aquarelas e guaches feitos no Bateau, há um realizado em agosto de 1904. Trata-se de Les Amants, Os Amantes, um bico de pena a nanquim marrom sobre fundo aquarelado com traços de carvão sobre papel. Assinado Picasso à esquerda baixa.


Os Amantes Desenho Bateau-Lavoir 1904 Oca
Os Amantes   Desenho
Bateau-Lavoir 1904 Oca


Os amantes são Fernande e Picasso. O desenho foi o jeito de Picasso dizer a Fernande que ela era importante para ele. Indiretamente esse desenho deu início ao relacionamento que só terminou em 1912.

Em Na Cama com Picasso, da editora artes:/digital, no capitulo Fernande, a bela, escrevi:

“Na aquarela, a entrega de Fernande é total. De costas, pernas abertas, olhos fechados, abraça Picasso, mantendo-o apertado contra seu ventre.

Conserva o rosto colado ao de Picasso, que mergulha a cabeça nos cabelos pretos de Fernande. A mão direita de Picasso repousa sobre a cabeça de Fernande. A esquerda apóia-se de leve sobre a sua coxa direita. No quadril arredondado e curvilíneo, Picasso concentrou toda a sensualidade e sexualidade.
Os pés de ambos tocam-se, sobrepondo-se, enroscando-se, completando a entrega mútua.”


Em 1996, ao escrever essas linhas sobre Les amants, jamais poderia pensar que um dia, em 2004, iria vê-lo aqui em São Paulo.

É um privilégio raro. Tão raro quanto foi ver Guernica em 53 no Ibirapuera.


Sem rédea curta

E o castelo? E Boisgeloup?

Em Boisgeloup, privar da intimidade de Marie-Thérèse em liberdade quase total, sem as limitações, imposições, exigências e vigilância de Olga, permitiu a Picasso retratá-la sem ter que disfarçá-la, escondendo e escamoteando seus traços.


Banhista Bronze Boisgeloup 1931 Oca
Banhista   Bronze
Boisgeloup 1931 Oca


No ateliê das cavalariças, com Gonzalez, Picasso dedicou-se às esculturas, criando Baigneuse, em 1931. Não tem nada a ver com Cézanne. Tem com a Vênus de Willendorf, com a de Lespugne. A exuberância voluptuosa de suas formas evoca deuses da fecundidade, da fertilidade.

São desse ano quatro cabeças de Marie-Thérèse. Uma delas, Buste de femme, Busto de mulher, grosso modo enfatiza o erotismo, o sensualismo, a sexualidade do relacionamento, através de detalhes, como nariz fálico, boca vaginal e cabeleira nadegal.


Busto de mulher (Marie-Thérèse) Bronze  Boisgeloup 1931 Oca
Busto de mulher (Marie-Thérèse)   Bronze
Boisgeloup 1931 Oca


Em Tête de Femme de Profil, Cabeça de Mulher de Perfil, baixo-relevo de 1931, Picasso destaca os detalhes, sexualizando-os, porém não foi tão óbvio como no Busto de mulher. Nessa escultura faltou pouco para chegar à pornografia pura e simples.

La femme à l’orange ou La femme à la pomme, A mulher com laranja ou A mulher com maçã, foge totalmente da linha em que erotismo e sexo predominam. Em 1934 Olga voltou à carga. Picasso arrefeceu. Em La Femme à l’orange a sensualidade explícita de Marie Thérèse está ausente.


A mulher com laranja ou A mulher com maçã   Escultura Bronze 1934 Oca
A mulher com laranja ou A mulher com maçã
Escultura Bronze
1934 Oca


Nessa peça o que prevalece é o espírito da assemblage. O mesmo que desenvolveu com Gonzáles de 1929 a 30, em Paris ao reunir, ao juntar, assembler, escorredores de macarrão e não coador como está na ficha técnica, molas, barras e hastes metálicas, pintadas de cinza fosco ao criar Tête de femme, Cabeça de mulher.


Cabeça de mulher Ferro pintado Paris 1929-1930 Oca
Cabeça de mulher   Ferro pintado
Paris 1929-1930 Oca


Em La femme à l’orange, escultura de 180 cm de altura, Picasso imprimiu no gesso molhado, nas partes que correspondem ao tronco, ventre e pernas, papelão ondulado e tela de arame de galinheiro, para obter efeitos e texturas que lembram tecidos.

O pescoço da mulher é um cano e a gola do vestido, uma forma para bolo. O rosto é uma tampa de caixa retangular em que furos fazem às vezes de olhos, nariz e boca.

La femme à l’orange é Picasso puro. Sem ostentação, sem exibicionismo sexual, Picasso deu seu recado erótico. Sutilmente insinuado no pescoço, na laranja ou maçã e na vasilha aberta nas mãos da mulher. Freud explica.


Natureza pródiga

Picasso e Marie-Thérèse em Boisgeloup me lembram de Rafael e La Fornarina em Roma. Os dois trocaram as telas e pincéis pelos lençóis de suas amantes. Pintaram, mas não tanto quanto costumavam pintar.

Pena que Picasso não tenha encontrado um Ingres para pintá-lo na intimidade com Marie-Thérèse no ateliê. Ingres pintou várias telas com La Fornarina sentada no colo de Rafael. Em se tratando de Picasso, homem de muitas mulheres, seria no mínimo curioso.


Nu deitado (Marie-Thérèse) Óleo sobre tela Boisgeloup 4 de abril de 1932 Oca
Nu deitado (Marie-Thérèse)   Óleo sobre tela
Boisgeloup 4 de abril de 1932 Oca


Voltando a Boisgeloup, Nu couché, Nu deitado, é um óleo de 1932. Há outro, Nu au bouquet d’iris et au miroir, Nu com buquê de íris e espelho, de 1934 em que Picasso exalta, como no primeiro, a cor, as linhas e as formas sensuais do corpo voluptuoso de Marie-Thérèse. Em ambas composições o rosto da amante é visto de perfil. Nas duas pinturas folhas, flores e frutos lembram a natureza fértil e dadivosa. Não estão na tela por acaso. Em fevereiro de 1935 Marie-Thérèse engravidou. Em outubro Maya nasceu.


Nu com buquê de íris e espelho Óleo sobre tela Boisgeloup 1934 Oca
Nu com buquê de íris e espelho   Óleo sobre tela
Boisgeloup 1934 Oca


Citei apenas duas pinturas o que não significa que sejam as únicas obras criadas em Boisgeloup. Há outras, pinturas, gravuras, mas preferi mencionar apenas as duas em que a natureza e a fertilidade feminina estão associadas.


Duas mulheres nuas, uma delas tocando diaulo Óleo sobre desenho a nanquim Boisgeloup 1932 Oca
Duas mulheres nuas, uma delas tocando diaulo
Óleo sobre desenho a nanquim
Boisgeloup 1932 Oca


É dessa época uma pintura que está no MoMA, Museu de Arte Moderna de New York, Jeune fille devant un miroir, Moça em frente do espelho, de 1932.

Segundo Alfred Barr Jr, diretor do MoMA e curador da exposição Picasso: Fifty Years of His Art, de 1946, de todas as telas que Picasso pintou na primavera de 1932 essa era a que ele preferia. Eu também.


Moça em frente do espelho óleo sobre tela  Museu de Arte Moderna New York 1932
Moça em frente do espelho   Óleo sobre tela
Museu de Arte Moderna   New York 1932


Picasso na Bienal 1953 - Picasso na Oca 2004

As 63 pinturas que Picasso selecionou a pedido de Marie Cuttoli, amiga de Yolanda Penteado, para a 2ª Bienal Internacional de São Paulo, cobriam o período de 1908, Homem sentado, óleo e Natureza morta estrelada, óleo de 1952.

Através de 44 anos de pintura podia-se ver a evolução da obra picassiana. O ponto alto da mostra foi Guernica. Porém, não me lembro de grande público na sala de Picasso.


Marie-Thérèse apoiada sobre os cotovelos Óleo sobre tela Paris 1939 coleção particular
Marie-Thérèse apoiada sobre os cotovelos   Óleo sobre tela
Paris 1939 coleção particular


Em Picasso na Oca, Picasso é exposto a partir de Petite fille aus pieds nus, Garota de pés descalços, óleo de 1895, pintado quando tinha quatorze anos, até Mousquetaire et femme nu, Mosqueteiro e mulher nua, técnica mista, nanquim, aquarela e aguada, de 1972, quando tinha noventa e um anos.

Picasso morreu em 8 de abril de 1973.


Picasso em Golfe-Juan 1949 foto Erwin Marton
Picasso em Golfe-Juan 1949
Foto Erwin Marton


Na Oca, 77 anos da obra picassiana estão alinhados cronologicamente. Através da obra exposta é possível estabelecer uma leitura em que a obra e a vida caminham par e passo. O público que comparece ao Ibirapuera para ver Picasso na Oca é enorme. Gigantesco!

Concluindo, diria que ter visto Picasso em 1953 em tempo, espaço e circunstâncias outras me permitiu ver hoje na Oca, um Picasso mais completo e abrangente.

Exposição rara. Única.


Auto-retrato Pastel sobre papel 30 de maio de 1972 Fuji Television Gallery Tokyo
Auto-retrato   Pastel sobre papel
30 de maio de 1972
Fuji Television Gallery Tokyo

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